Foto: Camila Gonçalves (Diário)
"A construção da cultura da paz começa pelo cidadão", disse a reitora, irmã Iraní Rupolo
A Universidade Franciscana (UFN) promoveu um painel para falar de um tópico em voga nos dias de hoje: a violência. A palestra multidisciplinar ocorreu no Salão Azul do Conjunto I da UFN, na segunda-feira. Professores dos cursos de História, Direito e Enfermagem abordaram alternativas para a superação da violência, tema da Campanha da Fraternidade 2018. O professor Valdir Pretto mediou o diálogo.
A reitora da UFN, irmã Iraní Rupolo, abriu o painel lembrando que a construção da cultura da paz começa pelo cidadão. Para a reitora, à medida em que as pessoas se tornam mais sensíveis a seus direitos e deveres, elas ficam mais próximas umas das outras e, por consequência, menos violentas. A irmã também mencionou os recentes embates entre manifestantes pró e contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Santa Maria, como um exemplo de que o respeito às diferentes opiniões é um dos fatores que desencadeia a violência.
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A cultura da violência foi exemplificada pelo professor de Direito Márcio de Souza Bernardes pela ótica da distorção do conceito dos Direitos Humanos. Ao analisar a perspectiva a partir da morte da vereadora Marielle Franco no Rio de Janeiro, o docente criticou o posicionamento de pessoas que propagam nas redes sociais a ideia de que as garantias legais só beneficiam bandidos.
- Os Direitos Humanos existem na ordem jurídica para proteger o ser humano da barbárie, como acontecia no período medieval, e em um contexto histórico mais recente, para evitar que as pessoas sejam punidas arbitrariamente - explicou.
Do ponto de vista histórico, a professora Paula Helena Bolzan, do curso de História, fez um resgate dos impedimentos legais que havia no Brasil para que africanos constituíssem família ou se alfabetizassem. A professora ainda atribuiu a violência à formação de valores como a competitividade.
- A filosofia africana Ubuntu, por exemplo, dissemina a ideia de que "eu sou porque nós somos". Na nossa cultura, conjugamos tudo na primeira pessoa. Escolhemos péssimos valores para cultivar - defendeu.
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O professor Sandro Meinerz, que também é delegado regional da Polícia Civil, destacou o problema dos cinturões de miséria que se formam em Santa Maria. Para ele, como nas favelas do Rio de Janeiro, a dinâmica do crime aqui atrai jovens para o tráfico de drogas por falta de oportunidades.
- No Rio de Janeiro, investiram milhões nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP's), mas não levaram saúde e educação para as favelas. Assim, o tráfico arregimenta soldados onde o Estado não deu oportunidades.
A professora Martha Helena Teixeira de Souza, do curso de Enfermagem, encerrou o painel falando sobre as implicações na relação entre violência e cuidado com as minorias em espaços de acesso à saúde.